Mulheres na Psicanálise: Françoise Dolto
“Nosso papel como psicanalista, não é o de desejar algo para alguém, mas ser aquele, graças a quem ele pode chegar até seu desejo.”
Nos anos 1930, Françoise Dolto (1908-1988) era uma dos doze psicanalistas trabalhando em solo francês. Atravessou em sua formação um momento turbulento, embrionário e fértil do movimento psicanalítico francês. Considerada uma má influência para os jovens candidatos a analistas por ser adiantada em relação a sua época, rompeu com a IPA (Associação Psicanalítica Internacional) e fundou a Escola Freudiana de Paris junto a Jacques Lacan com quem estudou e tornou-se parceira na proposta de retorno a Freud.
Dolto foi pioneira no tratamento de bebês ainda nos primeiros dias de vida e na prática de consultas públicas (com a presença de analistas em formação). Além disso, criou uma instituição de acolhimento para crianças e pais. A Maison Verte (“Casa Verde”) foi criada em 1978 para ser um espaço de convivência e troca de experiência entre familiares e crianças, um espaço intermediário entre o mundo familiar e o mundo escolar. Era um espaço público regido por poucas regras e leis diferentes daquelas do ambiente familiar para que as crianças pudessem se preparar para as vivências futuras, na escola, por exemplo.
Grande teórica acerca da infância, ficava alheia às polêmicas quanto à psicanálise com crianças de Anna Freud e Melanie Klein, outras duas psicanalistas influentes no campo. Sua técnica era centrada na escuta da criança que desde cedo já que para Dolto “a criança nunca é pequena demais para que lhe falemos a verdade”. Dolto teve papel de destaque em momentos cruciais para o desenvolvimento da psicanálise, propôs intervenções no campo da saúde pública, desenvolveu um tratamento para crianças psicóticas e mudou, inclusive, a forma de educar as crianças de seu tempo.
Fontes:
https://tede2.pucsp.br/bitstream/handle/19507/2/Miguel%20Ribeiro%20Vallim.pdf